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As migrações, internas e internacionais, são um fenómeno de grande relevância em África. São fluxos multiformes, de grande amplitude e na sua grande maioria internos ao continente (FIDH, 2007). As migrações africanas são quantitativamente muito importantes, tanto em termos de rácio relativamente à população, como em números absolutos, quando comparados com outras zonas do mundo. Ancorados na história africana, nos tempos mais recentes os movimentos migratórios têm-se desenvolvido e tornado mais complexos. Os destinos multiplicaram-se e os itinerários alongaram-se (FIDH, 2007). Certos países de partida tornaram-se países de acolhimento, não sendo invulgar que os países sejam, simultaneamente, países de partida e de acolhimento para os refugiados (p.e., Sudão) ou trabalhadores migrantes (p.e., África do Sul). Os dados disponíveis revelam que as migrações atingem cada vez mais a população feminina. Em África, cerca de um migrante em cada dois (47%) é mulher: as mulheres e crianças constituem ainda 70% dos refugiados e deslocados internos do continente (UNFPA, 2006).
No caso de Angola, o panorama dos fluxos migratórios tem contornos similares mas aspectos particulares. Num contexto de crescimento acelerado da economia do país, coexistem e interelacionam-se entre si uma crescente migração laboral, as dinâmicas intensas das migrações internas, fluxos mistos, o fenómeno dos refugiados e dos requerentes de asilo, tráfico de pessoas e uma intensificação das relações com a diáspora, com reflexos evidentes ao nível do volume e da estrutura das remessas (Almeida Martins, 2010).